sábado, 3 de setembro de 2011

O eBook e as pequenas editoras - parte 1

O eBook ainda é uma esfinge enigmática para as pequenas editora
O eBook ainda é um enigma para as pequenas editoras. Urge decifrar esse enigma.
Caso contrário, elas serão atropeladas pelos fatos.

Recentemente, o Governo Federal implementou regulamentação que classifica os tablets (leitores de livro digital) como computadores, o que resultou em redução drástica de impostos. Isso terá, como consequência, um grande aumento da venda desses equipamentos em nosso país.

Já estamos convivendo com um fenômeno novo ligado à revolução da internet: o eBook. A explosão dos eBooks ainda não foi percebida por muitas editoras, e não foi compreendida por outras. Isso porque trata-se de uma transformação radical na maneira como vemos a leitura.

Essa dificuldade de compreensão pode até ser considerada natural, já que estávamos todos acostumados ao bom e velho livro em papel. A tendência do ser humano é, às vezes, pensar que nada mudará, que tudo o que foi bom no passado continuará a ser aceito no futuro. Só que essa atitude não tem mais justificativa nos dias de hoje, quando os computadores produziram uma transformação na vida de todas as camadas sociais.

O livro digital - eBook - não eliminará o livro em papel, assim como o cinema não extinguiu o teatro, nem o advento da televisão acabou com o rádio. As coisas se somam, pelo menos por 50 ou 100 anos. Meio século foi o tempo aproximado que levou para que o computador eliminasse as máquinas de escrever. Um século foi o tempo que levou para que as locomotivas a diesel aposentassem as velhas locomotivas a carvão. Há público para todos os gostos. No entanto, as máquinas fotográficas digitais serão mais rápidas para aposentar as velhas máquinas fotográficas com filme.

Para os homens e mulheres de negócio, é importante saber a dimensão das coisas novas que surgem, para não ser atropelado por elas. Isso não é fácil para aqueles que são testemunhas oculares das novas tecnologias. Quando surgiu o automóvel, ele era chamado "carruagem sem cavalos", pois as pessoas sentiam necessidade de associar aquela máquina estranha com algo que elas já conheciam. O mesmo fenômeno de comparação ocorre agora, com o eBook sendo comparado com o livro em papel.

Mas um automóvel não é uma carruagem sem cavalos. É um automóvel. Ou seja, é uma nova categoria de transporte. Um eBook não é um livro em papel que foi "passado" para o computador. Um eBook é uma outra categoria de cultura e arte, que no momento apenas podemos vislumbrar.

Só para termos uma ideia, cito aqui algumas possibilidades:

  • Uma história ficcional em formato eBook pode ser lida do ponto de vista de vários personagens. O leitor, de início, opta por um deles como narrador, para seguir os acontecimentos. Depois, poderá ler novamente, mas do ponto de vista de outro personagem.

  • Pode-se colocar links para páginas da internet. Esses links podem ser de esclarecimentos culturais a respeito de alguma passagem do livro. Mas podem ser para dar ao leitor um bônus de presente na compra de seu próximo eBook.

  • E, brevemente, os formatos permitirão a inclusão de sons e pequenos vídeos. A riqueza do eBook parece não ter limites. Isso é particularmente verdade para os eBooks ficcionais. Contar uma estória num livro em papel é uma coisa. Contar essa estória num eBook é outra coisa, muito mais rica em possibilidades.
As editoras que não acordarem rapidamente para esse novo mundo digital e insistirem em não lançar títulos em formato digital correm o risco de perderem o bonde da História. Para estas editoras, a realidade cobrará seu preço, que pode ser muito alto.

Nossa conversa filosófica continua neste espaço. Nos próximos artigos, vamos abordar o eBook também do ponto de vista comercial. Como calcular o preço de um Ebook? Como fazer um contrato entre a editora e o autor para o lançamento de um eBook? O eBook pode ser uma grande oportunidade para as pequenas editoras?

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