quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O tablet e a mochila das crianças


Imaginemos um futuro próximo, com os tablets sendo amplamente usados no ensino público e privado. A primeira coisa que nos vem à mente é que as crianças e jovens andarão com menos peso às costas. Já é um avanço e tanto. As colunas vertebrais das crianças agradecem.

Mas a coisa vai além; tiraremos também um peso das costas dos pais: o preço dos livros em papel. E isso pode fazer uma grande diferença no orçamento das famílias de classe C, a classe hoje majoritária no Brasil.
 
A Índia acaba de lançar um tablet popular, o Aakash, que custará U$ 35,00, sendo que os primeiros 100 mil serão distribuídos gratuitamente. Por que não fazermos o mesmo no Brasil? Seria mais econômico do que distribuir livros, mesmo sabendo que os livros são usados por alguns anos seguidos antes de serem descartados.

O Ministério da Educação é, de longe, o maior comprador de livros do país. São milhões e milhões de livros. Que tal se esse dinheiro pudesse ser gasto em construção de escolas? É verdade que o MEC já construiu 219 escolas técnicas federais nos últimos anos. Mas isso ainda é muito pouco.

Com a extração e refino do Pré-Sal, mais as indústrias automobilísticas que já estão de malas prontas para desembarcar aqui, mais as 26 fabricantes de tablets, mais as ferrovias em construção (ferrovia Norte-Sul, TransNordestina, FerroOeste), precisaremos de muitos profissionais especializados. Analistas preveem que, apenas de engenheiros, precisaremos de 150 mil deles até 2014.

Ou seja, foi-se o tempo em que engenheiro, no Brasil, se formava e prestava concurso para ser caixa de banco.


Mas, voltando à mochila das crianças, é preciso colocar tablets nela. Não só nas escolas particulares, até porque muitas delas já os utilizam. É preciso levar isso à grande massa de estudantes das escolas públicas de primeiro e segundo grau.

O primeiro empecilho para a universalização dos tablets é o despreparo dos profissionais de ensino. No caso do ensino público, eles nem mesmo ganham o suficiente para comprar bons computadores. O piso nacional para professores decidido pelo Governo Federal é de R$ 1.080,00 por 40 horas semanais. Pois não é que muitos governadores entraram na Justiça contra esse piso, dizendo que era muito alto e que não havia dinheiro em caixa para pagar esse valor?! Pois bem, a Justiça deu ganho de causa aos professores. A decisão foi de que eles tinham que receber esse piso. Mesmo assim, os governadores resistiram. Resultado: greves de professores em vários estados.

Por aí se vê que ainda está longe o dia em que os professores ensinarão seus aluninhos a usar um tablet. Os profissionais de ensino não têm, ainda, condições financeiras para conhecer o suficiente de informática e computadores para saber o que é um tablet, muito menos para desejá-lo.

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